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SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR

 


INTRODUÇÃO

A síndrome da veia cava superior (SVCS) resulta de qualquer condição que leve à obstrução do fluxo sanguíneo através da veia cava superior (VCS). A obstrução maligna pode ser causada por invasão direta do tumor na VCS ou por compressão externa da VCS por um processo patológico adjacente envolvendo o pulmão direito, linfonodos e outras estruturas mediastinais, levando à estagnação do fluxo e trombose. Em alguns casos, tanto a compressão externa quanto a trombose coexistem. Além disso, os pacientes com malignidade têm um risco maior de trombose venosa quando utilizam dispositivos venosos de demora (por exemplo, cateter venoso central, marca-passo).

Embora a invasão direta ou compressão externa do tumor já tenha sido responsável pela maioria dos casos de síndrome SVCS em pacientes com câncer, a incidência geral dessa relacionada a dispositivos intravasculares aumentou, agora representando 20 a 40% dos casos.

Esta revisão se concentrará na fisiopatologia, etiologia, apresentação clínica e avaliação diagnóstica da síndrome VCS em pacientes com malignidade e no seu tratamento.

 

FISIOPATOLOGIA

Obstrução da veia cava superior (VCS) é uma oclusão venosa central torácica tipo IV, relacionada aos resultados de malignidade da compressão extrínseca da SVCS pelo tumor primário ou linfonodos mediastinais aumentados, ou como resultado da invasão direta do tumor na veia cava superior. Pacientes com malignidade também têm um risco maior de trombose venosa relacionada a dispositivos venosos de demora (por exemplo, cateter venoso central, marca-passo).

À medida que o fluxo de sangue dentro da VCS fica obstruído, as colaterais venosas formam vias alternativas para o retorno do sangue venoso ao átrio direito . As veias colaterais podem surgir dos sistemas ázigos, mamária interna, torácica lateral, paraespinhosa e venosa esofágica. As colaterais venosas se dilatam ao longo de várias semanas. Como resultado, a pressão venosa da parte superior do corpo é acentuadamente elevada inicialmente, mas diminui com o tempo. No entanto, mesmo quando padrões de drenagem colateral bem desenvolvidos estão presentes, as pressões venosas centrais permanecem elevadas, produzindo os sinais e sintomas característicos da síndrome da VCS.

Pacientes com doença maligna podem desenvolver sintomas de SVCS rapidamente porque o crescimento rápido do tumor não permite o tempo adequado para desenvolver fluxo colateral. Por outro lado, a mediastinite fibrosante devido a uma infecção, como a histoplasmose, como causa da oclusão da VCS pode não se tornar sintomática por anos.

O débito cardíaco pode ser diminuído transitoriamente pela obstrução aguda da VCS, mas dentro de algumas horas, o retorno do sangue é restabelecido pelo aumento da pressão venosa e colaterais. O comprometimento hemodinâmico, se presente, resulta mais frequentemente do efeito de massa no coração do que da compressão da VCS.

         

Imagem 1: fisiopatologia da obstrução da veia cava superior; Hoff, 2013.


MALIGNIDADES TÍPICAS 

Uma malignidade intratorácica é responsável por 60 a 85% dos casos de SVCS, e a obstrução da VCS é o sintoma de apresentação de um tumor não diagnosticado previamente em até 60% desses casos. O câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC) é a causa maligna mais comum da síndrome de VCS, sendo responsável por aproximadamente 50% de todos os casos, seguido por câncer de pulmão de células pequenas (SCLC; aproximadamente 25 a 35% de todos os casos) e linfoma não Hodgkin (LNH; 10 a 15% dos casos). Juntos, estima-se que o câncer de pulmão e o NHL são responsáveis por aproximadamente 95% dos casos de SVCS que são causados por malignidade.

Câncer de pulmão - Aproximadamente dois a quatro por cento dos pacientes com câncer de pulmão desenvolvem a SVCS em algum ponto durante o curso da doença. A SVCS é mais comum com CPCP, ocorrendo em aproximadamente 10% dos casos na apresentação. Presumivelmente, isso ocorre porque o CPCP se desenvolve e cresce rapidamente nas vias aéreas centrais, em vez de nas periféricas. Menos de dois por cento dos pacientes que apresentam NSCLC têm a SVCS como complicação, mas devido à maior incidência, NSCLC é uma causa mais frequente de SVCS do que o SCLC.

Linfoma - SVCS se desenvolve em dois a quatro por cento dos casos de LNH. Por razões pouco claras, o linfoma de Hodgkin raramente é uma causa da síndrome de VCS, apesar de sua apresentação comum com linfadenopatia mediastinal.

Outros - Outros tumores malignos que são menos comumente associados à SVCS incluem timoma e outras neoplasias tímicas, neoplasias de células germinativas mediastinais primárias, mesotelioma e tumores sólidos com metástases em linfonodos mediastinais (por exemplo, câncer de mama ).

 

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A síndrome da veia cava superior (SVCS) é o sintoma de apresentação de um tumor não diagnosticado previamente em até 60% dos casos. Portanto, a história deve incluir a avaliação de fatores de risco conhecidos para os tipos de malignidades conhecidas por causar a SVCS (por exemplo, tabagismo, exposição ao amianto).

Sintomas e sinais - os sintomas e sinais de obstrução venosa central torácica podem incluir inchaço, dor no peito, sintomas respiratórios ou manifestações neurológicas. Independentemente da etiologia, edema da face ou pescoço e dispneia são sintomas de apresentação comuns.

Os pacientes frequentemente se queixam de edema facial ou plenitude na cabeça, que pode ser exacerbada pela inclinação para a frente ou deitada, ou edema no braço. O inchaço da cabeça e do pescoço é visualmente notável, mas geralmente de pouca consequência clínica. No entanto, o edema pode estreitar a luz das vias nasais e laringe, podendo comprometer a função laríngea ou faríngea e causar dispneia, estridor, tosse, rouquidão e disfagia. A dificuldade respiratória também pode estar relacionada a derrame pleural ou restrição pulmonar decorrente de edema torácico ou mamário grave.

Além disso, os pacientes com edema cerebral podem ter dores de cabeça, confusão ou distúrbios visuais / auditivos. O edema cerebral pode causar herniação do tronco cerebral e, possivelmente, morte.

A rapidez do início dos sintomas depende do curso de tempo da invasão ou compressão da VCS e da gravidade do comprometimento luminal. A presença e gravidade dos sintomas e sinais de obstrução da VCS, por sua vez, dependem se o recrutamento de colaterais venosos compensou o estreitamento. A trombose aguda de uma obstrução parcial estável anterior também pode ocorrer, levando a sintomas abruptos.

Ao exame físico, pode ser aparente distensão das veias do pescoço e da parede torácica. Edema do braço, cianose e pletora facial são menos frequentes.

Classificação da gravidade dos sintomas - Foi proposto um sistema de classificação que estratifica os sintomas com base na gravidade e também informa a abordagem para diagnóstico e tratamento. Embora outros sistemas de classificação estejam em uso, em geral, preferimos esse sistema de classificação, pois informa o caminho diagnóstico e terapêutico.

Um sistema de classificação separado, mas semelhante, do National Cancer Institute (os Critérios de Terminologia Comum para Eventos Adversos [CTCAE]) classifica a SVCS como um evento adverso durante a terapia do câncer . Os sistemas de graduação são semelhantes, mas os pacientes assintomáticos são considerados de Grau 1 (em vez de grau 0) e os pacientes com sintomas leves ou moderados são agrupados como Grau 2 (em vez de grau 1 ou 2).

INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA

Haja vista que se trata de uma emergência, o diagnóstico ocorre de forma concomitante à sintomatologia, dessa forma, investigamos as possibilidades de causa desses sintomas para chegar a conclusão de ser ou não um quadro de SVCS.

Mas quais são os métodos que utilizamos para descobrir isso? Naturalmente sabemos que síndromes são sinais e sintomas característicos, mas há necessidade de comprovação dessa hipótese diagnóstica, tanto de forma laboratorial como por imagem.

LABORATORIAL

                De início, trabalhos sempre com o Hemograma e o Coagulograma, que são exames gerais, por vezes com resultados rápidos e que vão nos sinalizar o quadro geral do paciente, além de serem interessantes para diagnosticar a causa oncológica, caso seja, por exemplo, um linfoma leucimizante.

Algo que pode gerar certa confusão é o fato de as condutas para SVCS serem dirigidas de forma a diagnosticar a causa (via de regra, oncológica), uma vez que se subentende que essa síndrome se manifesta em casos mais avançados e que normalmente estão em tratamento. A lógica está no fato de não se poder afirmar que o paciente refratário do tumor está em uma unidade a qual seu quadro é conhecido ou que haja acompanhante para informar em tempo hábil as nuances do caso, por isso é adotada essa postura de cautela.

Quando há opção de testar a função renal, o exame laboratorial possibilita a utilização de uma importante via de imagem, que são exames de contraste. Há essa necessidade de teste da função renal porque há uma possibilidade razoável de que ocorra Nefropatia Induzida por Contraste (NIC).

IMAGEM

                Conhecida a polêmica sobre os exames de contraste, podemos partir para a imagiologia menos arriscada e que é mais sensível no que toca a identificação da neoplasia, mesmo específica nesse aspecto. Aqui se destaca a radiografia do tórax, que constata alteração em 85% dos casos de SVCS, sendo essas alterações:

Cerca de 25% das vezes sendo um Derrame Pleural

 Imagem 2: Md.saúde, 2021.

E aproximadamente 64% sendo um alargamento do mediastino

     Imagem 3: Radiopaedia.

                Por motivo de velocidade e até disponibilidade, o raio-x é o mais utilizado e normalmente já nos dirige a um diagnóstico, contudo, uma tomografia computadorizada nos produz uma imagem de grande qualidade, permitindo, assim, entender melhor as compressões que a VCS pode sofrer, como podemos ver na imagem 4:

Imagem 4: Hoff, 2013.

As setas amarelas apontam para os tumores obstrutores e a seta vermelha para a veia cava superior.

Supondo então que é chegado o paciente com o esses exames e estabelece-se o diagnóstico para Síndrome da Veia Cava Superior, no entanto, antes de tratar desse paciente, devemos definir o grau que a síndrome se encontra. 

GRADAÇÃO E CONDUTAS DE EMERGÊNCIA

                As literaturas atuais definem a evolução da doença via gradação de 0 a 5, dividindo seus sinais e sintomas entre eles para definir do menos grave (grau zero) ao mais grave (grau cinco):

 

Grau 0 – Assintomático, 10% dos casos

Grau 1 – Edema, cianose e pletora, 25% dos casos

Grau 2- Impacto funcional leve, 50% dos casos

Grau 3 – Início dos sintomas graves, 10% dos casos

Grau 4- Estridor, síncope e hipotensão, 5% dos casos

Grau 5 – Morte, 1% dos casos

                       É possível perceber que há um pequeno abismo de gravidade entre os graus, especialmente entre o 2 e o 3, assim, as condutas que o emergencista irá adotar são diferentes.

CONDUTA DE GRAU 0 A 2

                        Aqui estamos lidando com um paciente de características menos letais, dessa forma, nossa abordagem pode ser dividida em três partes, considerando-se que não há conhecimento prévio sobre o paciente e seu possível cancro:

1-      TC Venosa com contraste ou RM se há alergia ao contraste

2-      Biópsia da massa obstrutora

3-      Identificação da natureza do tecido e tratamento específico.

 

CONDUTA DE GRAU 3 E 4

                Já quando se vê pacientes nessa situação, teremos uma emergência de fato, nesses casos a conduta é mais complexa e detalhada, podendo ser dividida em 5 partes:

1-      Estabilização – Basicamente evitar que o paciente curse com um quadro letal, recomenda-se o uso do ABCDE para que possa ser dirigida intubação e medicação, caso necessário.

2-      Venografia venosa com intervenção – Aplicação de tratamento prévio com stent, que será discutido mais a frente nesse artigo.

3-      TC Venosa com contraste ou RM se há alergia ao contraste

4-      Biópsia da massa obstrutora

5-      Identificação da natureza do tecido e tratamento específico.

Algo que deve ser lembrado com veemência é o cuidado que deve ser tomado para não atrapalhar o prognóstico do paciente por inviabilização da identificação do tipo histológico na biópsia durante as condutas, por exemplo, a aplicação de corticóide (muito utilizado na estabilização do paciente) impede identificação de alguns linfomas, assim como uma radioterapia precoce inviabiliza identificação por biópsia.

 

TRATAMENTO

Chegando a essa última fase comum das condutas para SVCS de qualquer grau, é mister entender que sua precisão depende da história clínica do paciente, dos exames realizados e da análise histológica, sendo essa última a mais importante por tipificar o tumor. As opções terapêuticas são 4 (quatro): tratamento clínico, tratamento radioterápico, tratamento quimioterápico, tratamento endovascular e tratamento cirúrgico.

 

TRATAMENTO CLÍNICO

Oferecido inicialmente para diminuir sintomas antes de se conseguir conduta específica, sendo então um conjunto de medidas simples, como repouso, elevação da cabeça e oxigenioterapia, que produzem conforto leve imediato.

Mas há também o uso empírico de medicamentos, que não possuem comprovação científica que deem suporte ao seu uso, como é o caso dos corticoesteróides diuréticos, que tendem a elevar o risco de trombose por desidratação e podem dificultar a identificação histológica na biópsia.

 

TRATAMENTO RADIOTERÁPICO

                Método mais utilizado para tratar SVCS, posto que 90% dos casos decorrem de  neoplasia , pode ser exclusiva ou adjuvante à quimioterapia e possui eficácia contra maior parte das neoplasias causadoras, especialmente as pulmonares.

Tende a produzir sinais clínicos animadores

 

TRATAMENTO QUIMIOTERAPIA

                Muito similar ao tratamento radioterápico no que diz respeito a respostas, ele possui uma boa taxa de melhora, principalmente em tumores sensíveis a sua ação, como linfomas e tumores germinativos. Vale salientar que ao longo prazo, produz uma melhora de até 80% dos sintomas.

 

TRATAMENTO ENDOVASCULAR

                Basicamente se concentra na aplicação de um stent , técnica que vem ganhando força nos últimos anos, principalmente quando olhado sua melhora veloz que possui intervalo de apenas um dia que pode ser feita de forma imediata, visto que seu uso não impede identificação por biópsia.

           

                                                                   Imagem 5: Hoff, 2013

À esquerda, uma veia cava superior obstruída e à direita essa veia desobstruída por implantação de stent. Note o claro restabelecimento de fluxo.

                Mas é interessante salientar que ele não trata a doença base, mesmo assim, sua efetividade paira dos 80-100%, e com baixa taxa de reobstrução.  Todavia, algo que deve ser lembrado é o fato de que, quando realizado, cursa com óbito de 2%, o que pode parecer pouco se o curso natural de SVCS não incidisse em 1% de óbitos.

TRATAMENTO CIRÚRGICO

                As intervenções cirúrgicas consistem na aplicação de enxertos venosos, artificiais(Gore-tex/PTFE e Dracon) ou homólogos(comumente veia safena/bypass) e possuem taxa de qualidade elevadíssima, mas é reservado a casos benignos, haja vista questões de expectativa de vida(discutidas em prognóstico). Algo que vem tendendo a mudar, haja vista as melhoras de prognóstico que vem sendo alcançadas com a evolução dos tratamentos.            

PROGNÓSTICO

                A SVCS é uma emergência que em 90% das vezes advém de um caso oncológico, assim sendo pode ser dividida em dois prospectos:

Benigno 🡪 Normalmente expectativa de vida alta, podendo o paciente por vezes seguir com a vida normalmente.

 

Maligno 🡪Normalmente expectativa de vida de aproximadamente 6 meses com variações de 1,5 a 9,5 meses.

REFERÊNCIAS

  1. Drews RE, Rabkin DJ. Malignancy-related superior vena cava syndrome. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. (Accessed on July 21, 2014).
  2. Hoff, Paulo Marcelo Gehm (ed). Tratado de oncologia. SÃO PAULO: ATHENEU, 2013.
  3. Ingledew P. Oncology emergencies for medical students, PowerPoint presentation, FVCC, Surrey.
  4. MARTINS,Herlon Saraiva; BRANDÃO NETO, Rodrigo Antonio; VELASCO, Irineu Tadeu. Medicina
  5. de emergência: abordagem prática. In: Medicina de emergência: abordagem prática. 2016. p. 1509-1509
  6. Nickloes TA. (2012). Superior vena cava syndrome. Retrieved July 21, 2014 from http://emedicine.medscape.com/article/460865-overview

 

  1. ROSA,George Ronald Soncini da et al. Tratamento cirúrgico da síndrome da veia cava superior causado por timoma invasivo. BrazilianJournal of Cardiovascular Surgery,v. 25, n. 2, p. 257-260, 2010.

 

  1. Síndrome da Veia Cava Superior. Disponível em: https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/7632/sindrome_da_veia_cava_superior.htm


Cristiano H Cajado

 Estudante de Medicina da FMB-UFBA

Vice-presidente da LAON

Discípulo de Drauzio Varella

 

Marina Machado

Medicina UniFTC - 7º semestre

Diretoria de Extensão da LAON


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