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RASTREIO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO



FATORES DE RISCO 

Início precoce da vida sexual

Números de parceiros sexuais

Infecção persistente pelo HPV

Parceiro sexual com câncer de pênis

Histórico de doenças sexualmente transmissíveis

Uso de anticoncepcional oral

Tabagismo

Imunossupressão


HPV

O HPV é um vírus que infecta a pele ou mucosas (oral, genital ou anal) das pessoas, provocando verrugas anogenitais (na região genital e ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus. A infecção pelo HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) de modo que a transmissão do HPV se dá por contato direto com a pele ou mucosa infectada. A principal forma de transmissão é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Portanto, o contágio com o HPV pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal. Também pode haver transmissão durante o parto.

Como muitas pessoas infectadas pelo HPV não apresentam sinais ou sintomas, elas não sabem que têm o vírus, mas podem transmiti-lo. A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas. Em alguns casos, o HPV pode ficar latente de meses a anos, sem manifestar sinais, ou apresentar manifestações subclínicas.


VACINAÇÃO

Vacinar-se contra o HPV é a medida mais eficaz para prevenir contra a infecção. A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para:

Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos;

Pessoas que vivem HIV na faixa etária de 9 a 26 anos;

Pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos;

É importante que o público-alvo a ser vacinado não tenha iniciado a vida sexual. Além disso, ressalta-se, porém, que a vacina não é um tratamento e não apresenta eficácia contra infecções ou lesões por HPV já existentes. A vacina não previne infecções por todos os tipos de HPV, mas é focada para os tipos mais frequentes: 6, 11, 16 e 18.


RASTREIO

O exame citopatológico deve ser realizado em mulheres de 25 a 64 anos de idade, uma vez ao ano. Após dois exames consecutivos negativos, com intervalo anual, o exame deve ser realizado a cada três anos.

O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram atividade sexual. A interrupção dos exames é feita aos 64 anos após dois exames negativos consecutivos em um intervalo de cinco anos. 

Mulheres que nunca tiveram atividade sexual não precisam realizar o exame pois, como a carcinogênese do câncer de colo uterino está intimamente atrelada ao vírus do HPV, de transmissão sexual, o risco de desenvolver a referida neoplasia é desprezível.


TÉCNICA

Emprega-se a espátula de Ayre e a escova endocervical. A técnica de coloração para citopatologia é a de Papanicolau. A coleta de amostra é feita da ectocérvice e endocérvice.

Para realizar a coleta adequada e confiável é necessário:

Não realizar duchas vaginais nas 48 horas antes do exame

Não realizar atividades sexuais nas 48 a 72 horas que antecedem o exame

Não utilizar cremes vaginais durante os 7 dias precedentes aos exames


SITUAÇÕES ESPECIAIS


Grávidas que estejam na faixa etária de rastreio devem realizar o exame, pois apresentam os mesmos riscos que não gestantes de apresentarem câncer de colo uterino ou lesões precursoras. O rastreio do câncer pode ser uma adição aos cuidados pré-natal. Nas puérperas, é recomendável esperar de seis a oito semanas para que o colo do útero retorne a suas condições normais.

Em mulheres imunossuprimidas, como infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou por transplante de órgãos sólidos ou em tratamentos de câncer e usuárias crônicas de corticosteróides, a prevalência da infecção pelo HPV e a persistência viral são mais frequentes. É necessário realizar o rastreio após o início da vida sexual semestralmente por um ano e, caso normais, realizar o seguimento anual enquanto a imunossupressão se mantiver. 


 REFERÊNCIAS:

Diretrizes de Rastreamento do Câncer do Colo do Útero do Ministério da Saúde

https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//diretrizesparaorastreamentodocancerdocolodoutero_2016_corrigido.pdf

http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist/condiloma-acuminado-papilomavirus-humano-hpv


Autoria: Bruno Teixeira Machado e Victória Rodrigues Marta

Revisores: Pedro Resende e Rafaella Carmo


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