EPIDEMIOLOGIA
O
câncer de ovário é um tumor ginecológico pouco frequente, mas sua grande
relevância vem por ele ter um diagnóstico mais difícil e menor chance de cura,
já que de acordo com o Instituto Nacional de Câncer - INCA a maioria dos casos
(75%) é diagnosticada em fases avançadas. Ele é relativamente incomum,
representando cerca de 3 % de todos os cânceres em mulheres no Brasil, mas tem
alta letalidade, sendo a nona causa de morte por câncer no sexo feminino. É uma
condição mais comum entre 40-65 anos e a incidência aumenta conforme a idade,
sendo raríssimo antes dos 30 anos, ocorrendo em menos de 1% dos casos. Ele
representa um grande desafio, pois apesar dos avanços dos métodos propedêuticos
e terapias oncológicas, a sobrevida das pacientes não se alterou nas últimas
décadas.
Existem
alguns fatores que por estimular a função ovariana e sua manutenção por mais
tempo, se tornam um risco para esse tipo de neoplasia, alguns exemplos desses
fatores são:
● História Familiar
● Fatores Genéticos
● Idade
● Menarca Precoce e Menopausa
Tardia
● Paridade
● Raça
● Uso de Indutores da
Ovulação
● Fatores Ambientais
● Fatores Nutricionais
● Endometriose
● Tabagismo
● Obesidade
● Amamentação
● Paridade aumentada
● Uso de
anticoncepcionais orais
● Ooforectomia
profilática
● Laqueadura tubária
FISIOPATOLOGIA
A classificação se dá a partir da linhagem das células de origem. As neoplasias malignas dos ovários são classificadas de acordo com a linhagem das células de origem. Os tumores primários podem ser classificados em três categorias: neoplasias epiteliais; neoplasias germinativas; neoplasias do estroma e cordões sexuais. Devido à diversidade dos subtipos de cânceres dos ovários, existem diferenças importantes na carcinogênese, nas manifestações, no tratamento e prognóstico. A maioria dos cânceres ovarianos é de origem epitelial (65% a 70%).
RASTREIO
Não
há evidências científicas de que o rastreamento de câncer de ovário traga mais
benefícios do que riscos e, portanto, ele não é recomendado.
Entretanto,
algumas sociedades recomendam o rastreio no caso de pacientes portadoras da
Síndrome de Lynch II ou do gene BRCA 1 ou BRCA 2. O qual deve ser feito a
partir dos 30-35 anos ou 5-10 anos antes da idade do primeiro diagnóstico na
família.
Os
exames de rastreio são:
● Exame pélvico
anual;
● Dosagem de CA-125
sérico a cada seis meses ou anual;
● Ultrassonografia
transvaginal a cada seis meses ou anual
*OBS:
CA-125 é o Antígeno Cancerígeno (CA) 125, o marcador tumoral mais sensível para
os tumores epiteliais, especialmente os serosos. Quando sua concentração é >
200 U/mL há suspeita de malignidade.
Os
primeiros sintomas geralmente aparecem em estágios mais avançados da doença e
são inespecíficos. Quando aparecem são, em sua maioria, do tubo digestivo.
Podendo
ser sensação de plenitude gástrica, saciedade precoce, dispepsia ou distensão
abdominal e constipação intestinal.
Nos
casos avançados, o quadro típico apresenta caquexia, abdome volumoso causado
por ascite e dispneia ocasionada pela restrição dos movimentos respiratórios ou
derrame pleural.
Após
uma anamnese completa, é necessário realizar um exame físico detalhado
contemplando o estado nutricional, a presença de edemas, linfonodomegalias,
exame de tórax e avaliação ginecológica, retal e pélvica.
Os tumores iniciais são os que mais frequentemente são diagnosticados por ginecologistas e obstetras em exames de rotinas, e não necessariamente em centros especializados, então apresenta-se frequentemente como achado incidental pelo grande emprego da ultrassonografia pélvica e transvaginal na prática diária dos consultórios ginecológicos. Na maioria das vezes, a paciente ou é assintomática ou apresenta sintomas muito inespecíficos, e o exame ginecológico também é bastante falho na detecção. O diagnóstico correto nos casos iniciais condiciona grande impacto na sobrevida desses pacientes. Tumores iniciais precisam ser diferenciados de massas anexiais de origem não neoplásicas que são as mais comuns.
ESTADIAMENTO
O
estadiamento do câncer de ovário, assim como os demais cânceres ginecológicos,
à exceção do câncer de colo uterino, é cirúrgico. Ou seja, ao mesmo tempo em
que há o estadiamento, há o tratamento. Laparotomia ou laparoscopia: ainda é o
acesso padrão ouro preconizado para estadiamento e tratamento do câncer de
ovário. O estadiamento é completo somente após a avaliação do material retirado
no procedimento cirúrgico. A partir da peça cirúrgica e do material coletado é
que a paciente será estadiada. Ou seja, trata-se de uma forma de estadiamento
cirúrgico. Aqui, a classificação mais utilizada é da FIGO (Federação
Internacional de Ginecologia e Obstetrícia) e não o clássico TNM.
TRATAMENTO
O
tratamento depende do estadiamento e do tipo histológico do câncer. Portanto,
cada caso leva em consideração as individualidades da paciente, não podendo,
assim, ser generalizado.
No
caso de carcinomas epiteliais do ovário, para os estágios iniciais utiliza-se o
tratamento cirúrgico. Conforme o estadiamento avança, realiza-se cirurgia
associada à terapia adjuvante, ou, dependendo do caso, poliquimioterapia
exclusiva.
Em
tumores de células germinativas - disgerminoma, o tratamento leva em
consideração a preservação da fertilidade no grupo de pacientes jovens.
Realiza-se salpingo-ooforectomia unilateral e terapia adjuvante.
Já
em tumores de células germinativas - não disgerminomas, utiliza-se
quimioterapia baseada em bleomicina, etoposide e platina (esquema BEP).
Há
alguns fatores relacionados com a redução do risco de desenvolvimento do câncer
de mama, entre eles:
● Amamentação
● Uso de contraceptivos
orais: como o câncer surge de um processo anômalo de regeneração da superfície
epitelial durante a ovulação, a inibição da função ovariana é um fator de
proteção da carcinogênese. Este é o único modo de quimioprevenção documentado
para tumores ovarianos.
● Ooforectomia
profilática
● Laqueadura tubária:
acredita-se que seja um fator protetivo por causa da diminuição do fluxo
sanguíneo ovariano pela laqueadura e diminuição da migração de fatores
carcinogênicos pela trompa até a cavidade peritoneal.
Autoras:
Victória Rodrigues Marta e Raiza Alessandra Fontoura Torres
Estudante de Medicina do quinto semestre da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB) - UFBA. Atualmente, é membro sênior da LAON. É apaixonada por cinema e livros.
Foto:
Raiza
Alessandra Fontoura Torres
Estudante de Medicina do sexto semestre do Centro Universitário UniFTC. Atualmente, é diretora responsável pela Extensão da LAON. Amo praia e bons drinks.
Foto:
REFERÊNCIAS:
- CÂNCER de ovário - versão para Profissionais de Saúde. [S. l.], 24 ago. 2021. Disponível
em:
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-ovario/profissional-de-saude.
Acesso em: 13 jan. 2022.
- DE MOURA, Jéssica Enderle et al. RASTREAMENTO DO CÂNCER DE OVÁRIO.
- MEDGRUPO (Brasil) (org.). MEDCURSO 2017: Volume
4; Capítulo 2: Doenças Benignas e Malignas dos ovários [S. l.]: MEDYKLIN, 2017. 64 p.
- MACHADO, Camila Correia et al. Câncer de
ovário. Acta méd.(Porto Alegre),
p. [7]-[7], 2017.
- CHABNER, Bruce A.; LONGO, Dan L. Manual de
Oncologia Harrison 2°edição: Câncer de Ovário, 2015. cap. Seção 11: Oncologia
Ginecológica, p. 54-55.
- FERNANDES, Cesar E.; DE SÁ, Marco S. Tratado de ginecologia
Febrasgo, 1edição: Oncologia ginecológica. Cap.77, p2396
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